2020 – O ano de DEFI, STABLECOINS e CBDC

*texto publicado originalmente na minha coluna infomoney em 29/12/2020

2020 certamente será lembrado como sendo o ano da Pandemia mundial de Covid, mas muito mais do que isso aconteceu esse ano. Houve uma imensidão de testes feitos com o objetivo de tornar o mercado financeiro mais ágil, global, individualizado e descentralizado.

Muitos desses projetos foram colocados sob a alcunha de DEFI (descentralized finance). Alguns deles ficaram para a história, como foi o caso do Yam.finance, outros cresceram e se consolidaram em seus setores de atuação, como Uniswap, Compound e Aave.

Todos esses testes foram importantíssimos para mostrar ao mundo modelos de negócios que oferecem soluções melhores do que as atuais sem que haja um comprometimento em termos de segurança, privacidade, custos, entre outros.

Vamos pegar a uniswap como exemplo. Através da sua solução é possível trocar qualquer crypto que esteja dentro da rede da Ethereum por outra da mesma rede de maneira fácil, direta e a custo baixo. É um modelo de Exchange de crypto descentralizada (DEX). Não é preciso fazer cadastro e mandar documentos por exemplo.

Além de criar um incomodo às exchanges de cripto centralizadas ela traz um modelo que pode ir bem além, possibilitando que qualquer ativo tokenizado possa ser trocado por outro da mesma maneira. Tem muita coisa boa, mas para os olhos da regulação há desafios importantes, inclusive no âmbito de lavagem de dinheiro e combate ao terrorismo, mas nada que a meu ver não seja endereçado em breve.

A Uniswap funciona de forma descentralizada através de um mecanismo de AMM (automated Market makers) que gerencia a quantidade de cada token de tal forma a obter o preço de mercado entre os dois ativos. É uma solução engenhosa que viabilizou a troca de ativos entre pessoas de forma descentralizada ao mesmo tempo que ajusta o preço de mercado entre os ativos.

Para se ter uma ideia da magnitude disso, o valor de mercado dessa empresa (Uniswap) hoje já está em quase USD 1,0 bilhão e tem nos seus protocolos (pools de liquidez como são chamados) mais de USD 1,5 bilhão depositado entre os inúmeros tokens da rede ethereum.

Outro protocolo de grande sucesso é o maker que, via mecanismos de pools de liquidez, viabiliza de forma descentralizadas depósitos de crypto para criação da stablecoin DAI

Através do maker também é possível receber algo muito próximo do que conhecemos como juros. O Maker fecha 2020 com um valor de mercado de USD 500 milhões e um valor alocado no seu protocolo superior a USD 2,5 bilhões.

Compound, AAVE, Synthetix, Sushiswap e curve são também exemplos de protocolos de DEFI que solucionaram de maneira eficaz e descentralizada alguns processos do mercado financeiro tradicionais que envolvem derivativos, empréstimos, investimentos e trocas de ativos.

DEFI foi o setor do mundo crypto de destaque de 2020 mas, tamanho sucesso, não teria sido possível se não fosse pelas stablecoins, em especial o Tether e a USDC.

O total de Tether emitido passou de pouco mais do que USD 4,0 bilhões no início do ano para mais de USD 20,0 bilhões no final do ano, sendo ela hoje a terceira maior crypto em valor de mercado e a crypto mais negociada, tendo volumes negociados superiores ao do Bitcoin, a crypto mais famosa e que fica em segundo lugar.

Quanto ao USDC, seu volume emitido saiu de USD 500 milhões para USD 3.5 bilhões o que já a coloca entre as 11 maiores cryptos do mercado.

O crescimento das stablecoins está intimamente ligado ao crescimento de DEFI. As stablecoins trazem para o mundo crypto a representatividade das moedas fiduciárias, com seus aspectos de estabilidade e segurança que facilitam a ponte entre o mundo tradicional e o mundo crypto.

Essa simbiose entre esses dois deve continuar a ser o grande impulsionador desse mercado em 2021.

Correndo por fora, alguns diriam atrás do prejuízo, vem os Bancos Centrais com seus estudos e experimentos com CBDCs.

Embora alguns Bancos Centrais menores já tenham em produção suas CDBCs (Bahamas por exemplo), entre os grandes, temos a Suécia e a China na dianteira.

Ao passo que a China já fez alguns testes públicos, inclusive testando funcionalidades como colocar prazo para uso do dinheiro emitido, juros negativos e destruição de moedas via tokens, no caso da Suécia o desenvolvimento ainda está na fase interna e pouco houve se ouve sobre testes que envolvam a população ou sobre o modelo final. Em ambos os países o primeiro semestre de 2021 deve trazer novidades.

Olhando para 2021, além desses três, que devem trazer ainda mais novidades, teremos os NFTs (non-fungible tokens) como uma das funcionalidades promissoras para uso de Blockchain. NFTs já são utilizados nos Games e tem os Cryptocatties como seu mais famoso exemplo. Já está na hora de seguir para outros casos de uso e, 2021 parece estar propicio para isso.  

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