*texto publicado originalmente na minha coluna da infomoney em 17/set/20
Muito se fala sobre o Bitcoin ser uma boa alternativa para manter seu poder de compra no longo prazo por ter uma emissão decrescente e finita. Ser desinflacionario do ponto de vista econômico o transformou no que muitos chamam de ouro digital.
Por outro lado, há o receio dos compradores ao comprar um ativo como esse porque o faríamos na expectativa de alguém nos comprar esse item por um preço maior no futuro, já que esse ativo não rende nada. Não paga dividendos ou juros. Esse é o caso do ouro e outros metais. E era o caso do Bitcoin até pouco tempo!
Estruturas como a da AAVE, Compound e Maker, entre várias outras que estão sendo criadas sob a alcunha de DEFI (Decentralized Finance) estão tornando possível que os Bitcoins que você tem em carteira sejam emprestados e você ganhe juros com isso.
O mundo cripto é totalmente transparente e open-source e todos podem ver as taxas de juros aplicadas e os volumes negociados por essas plataformas.
Até o momento já tem mais de 90.000 Bitcoins (aproximadamente USD 1,0 bilhão) aplicados e rendendo juros. O valor pode não parecer muito algo, mas se considerarmos que as estruturas que viabilizam essa aplicação estão aí desde aproximadamente maio/2020 eu diria que é um crescimento espetacular.

Os juros recebidos não são lá essas coisas. Muito próximos de zero atualmente. Mas esses juros são determinados por blocos da rede ethereum (a cada 15 segundos aproximadamente), e tenho confiança de que mudarão bastante a partir das inúmeras novas estruturas que estão sendo criadas.
Esse processo implica em gerar tokens de Bitcoins que sejam negociados (aplicados) na rede Ethereum, uma tecnicidade que para a maioria pouco importa, mas que traz alguns riscos a serem analisados.
Vale aqui fazer uma ressalva que essas estruturas são estruturas recentes e, obviamente, sujeitas a erros e percalços nesse caminho, portanto caso for usá-las tenha isso em mente e use com moderação.
Duas coisas me chamam muito a atenção nesse processo de DEFI.
A primeira é a velocidade em que as inovações estão ocorrendo. O fato de todas essas plataformas terem código aberto é um enorme facilitador para que pessoas de qualquer parte do mundo possa analisar o código de uma plataforma que já está operacional e desenvolver outra onde considere uma melhora em um dos pontos dessa antiga. Vira um ambiente de open inovation mundial e colaborativo.
A segunda tem muito a ver com o papel das moedas no mundo. Muito se critica (ou se criticava) o Bitcoin por ser um ativo que não rendia juros e portanto dependente do fato que outra pessoa o compraria no futuro por um preço maior do que você teria pago, mas pense que se você tiver uma nota de Reais ou de Dólares na sua carteira e não fizer nada com ela, ela também não renderá juros.
A diferença é que até pouco tempo atrás ( ~ 6 meses), o mercado financeiro tradicional te dava formas de você remunerar os seus Reais ou Dólares (via Tesouro Direto, CDBs, bonds e por ai vai) e no mundo crypto não se conseguia fazer isso com o Bitcoin. E agora se consegue.
Isso muda não somente a visão que temos que ter sobre o ativo, como também abre uma imensidão de casos de uso para ele, que vão de investimentos a empréstimos. E aqui não estou nem incluindo as stablecoins que são uma página importante nesse processo.
Os experimentos que tenho acompanhado em DEFI devem tem um impacto disruptivo imenso em várias estruturas e conceitos econômico-financeiros que temos hoje e cabe a nós sermos atuantes nesse processo ou simplesmente entrarmos passivamente nele. De que lado você vai querer estar?
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